3 de dezembro de 2016


Eu nunca teria sido o sociólogo em que me converti sem o meu passado e sem a socialização pré e extra-escolar que recebi através das duras lições da vida. (...) afirmo que iniciei a minha aprendizagem sociológica aos seis anos, quando precisei ganhar a vida como um adulto e penetrei, pelas vias da experiência concreta, no conhecimento do que é a convivência humana e a sociedade em uma cidade na qual não prevalecia a ordem das bicadas, mas a relação de presa, pela qual o homem se alimentava do homem,  do mesmo modo que o tubarão come a sardinha ou o gavião devora os animais de pequeno porte.” (Florestan Fernandes, 1980)

Florestan Fernandes nasceu na cidade de São Paulo no dia 22 de julho de 1910. Filho de uma imigrante portuguesa, que o criou sozinha após o falecimento do pai do Florestan, trabalhando como empregada doméstica para sustentar o lar.
Com seis anos de idade, Florestan Fernandes, começou a trabalhar para ajudar sua mãe, iniciou como auxiliar numa barbearia, trabalhou como engraxate e realizou vários outros tipos de serviços. Estudou até seus nove anos, mais ou menos. Mas teve que parar os estudos para trabalhar em tempo integral.
Voltou a estudar aos 17 anos, aproximadamente, quando teve a oportunidade de fazer o “Ginásio” (de 5ª a 8ª série). Nessa época, ele trabalhava como garçom em um bar, e depois, como entregador de medicamentos em um laboratório farmacêutico.
Foi estudando e trabalhando, que Florestan Fernandes chegou a Universidade aos 21 anos, graças a um mecanismo, criado pela USP na época, de acesso à Universidade por pessoas de baixa renda.
Cursou Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP. Fez ainda mestrado em Antropologia e doutorado em Sociologia. Tornou-se professor universitário e escreveu vários livros sobre os índios, os negros, o nosso folclore e a nossa sociedade.
Participou como militante do PT (Partido dos Trabalhadores) no seu início, e foi Deputado Federal por duas vezes (1987 e 1991).
Morreu aos 75 anos no dia 10 de agosto de 1995, após uma cirurgia para transplante de fígado, que infelizmente não foi bem sucedida.
Florestan Fernandes foi até seus últimos dias um incansável trabalhador, estudioso dos problemas sociais e militante em defesa dos trabalhadores.
A comunidade escolar ao escolher Florestan Fernandes, para nomear a escola, reconhece a importância do trabalho desse educador, em vida, em prol de uma escola/educação pública de qualidade para todos e também, se identifica com sua história de vida para superar as dificuldades econômicas e sociais. Sua difícil trajetória, na infância e adolescência, lembra a experiência de muitos de nossos alunos e ex-alunos que desde muito cedo são “obrigados” a assumir as responsabilidades da vida adulta.  Assim como, a mãe de Florestan, muitas mulheres são arrimo de família e assumem sozinha, a responsabilidade pela casa e pela educação dos filhos, tendo muitas vezes “tripla” jornada. A seguir um pouco mais sobre as famílias dos(as) nossos(as) alunos(as).

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